[Reproduzimos a seguir um panfleto produzido pelo Reagrupamento Revolucionário para dialogar com a nossa classe. Ele combate as falsas alternativas burguesas para crise em que nos encontramos e inclusive a ilusão de que novas eleições, no atual sistema, serão capazes de reverter a situação a favor dos trabalhadores. Em vez disso, propõe métodos de luta da classe proletária para derrotar os ataques imediatos do governo Temer e da burguesia: greves, piquetes, manifestações e organização nos locais de trabalho e moradia. Defendemos também um programa que aponta a necessidade de superar o capitalismo e instaurar um poder da classe trabalhadora.]
A situação política no Brasil
Vivemos uma “democracia” que só funciona para os ricos, acionistas de bancos, grandes empresas e agronegócio. O Estado brasileiro, na chefia das forças armadas, da polícia, e da cúpula dos três poderes, pertence e governa para eles, não para o povo trabalhador. Por isso, cortam da saúde, da educação e das áreas sociais, fazem uma “reforma” trabalhista que tira direitos, reduzem o salário-mínimo e tornam a aposentadoria sonho, lotam as cadeias de negros e pobres, e deixam a polícia matar diariamente nas favelas e comunidades. Já para os grandes empresários, dão isenções de impostos, perdoam crimes e pagam as dívidas das suas empresas. São esses empresários que vão se beneficiar com as “reformas” de Temer e seus parlamentares comprados, pois não mais precisarão pagar direitos em várias modalidades de trabalho e várias garantias passarão a ser “negociadas”, o que significa pressão sobre nós para aceitarmos piores condições, com medo de perdermos o emprego. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, disse com todas as letras: “Nós não podemos aceitar que a Câmara dos Deputados se transforme num cartório carimbador de opiniões da sociedade”, mesmo quando 90% do povo está contra o presidente e contra as suas medidas que acabam com direitos, empregos e salários. Demagogos como Bolsonaro ou Dória também não passam de serviçais desses mesmos ricos e poderosos, e foram a favor das medidas contra o povo, mas fingem ser uma “novidade” (preconceituosa e autoritária) para tentar ganhar apoio em cima da raiva e insegurança da população.
O PT e seus aliados, apesar de terem se oposto a algumas dessas medidas, fazem isso só porque estão fora do poder, de olho em 2018. Mas nos 13 anos em que esteve no governo, o PT nunca se desassociou dos poderosos, deixando-se corromper por eles e servindo aos seus interesses, dando para o povo só umas poucas melhorias para enganar. Nada tem de “comunista” ou “socialista”, ao contrário do que alguns dizem por aí. No mandato de Lula, os bancos lucraram como nunca. No mandato de Dilma, interrompido pelo golpe de Temer, o PT já vinha fazendo muitos ataques contra o povo, cortes de verbas da educação e propondo retirada de direitos previdenciários. Lula já avisou que, se eleito, não vai cancelar as contrarreformas de Temer. No atual momento crítico, as centrais sindicais pró-PT têm traído as lutas dos trabalhadores contra as reformas, como o dia de greve de 30/06, que foi boicotado pela CUT e CTB (para não falar das centrais vendidas que apoiam Temer, como a Força Sindical).
Qual é a saída para os trabalhadores e o povo?
Muitos acreditam que com novas eleições para presidente ou para o Congresso é possível acabar com o governo Temer, deputados corruptos e com as “reformas” que tiram nossos direitos. Mas já sabemos como são as eleições no Brasil: campanhas milionárias e com dinheiro sujo, onde grande parte do povo se abstém e há uma grande falta de opção, porque quase todos os partidos são de alguma máfia, associada aos grandes empresários. Devemos exigir que os políticos e juízes recebam só o salário de um trabalhador comum e não tenham nenhum “foro privilegiado” para se proteger de seus crimes. Mas não é no terreno controlado por eles que conseguiremos reverter a situação, ainda mais sem um grande partido da classe trabalhadora, que hoje não existe.
Precisamos usar os meios políticos dos trabalhadores: reuniões e organização nos locais de trabalho e moradia; tomar os sindicatos das mãos dos burocratas corrompidos e acomodados; realizar protestos, piquetes e, principalmente, greves bem preparadas e construídas, para que quando lançadas sejam vitoriosas. Em defesa do nosso futuro, devemos exigir o cancelamento das “reformas” já aprovadas (a PEC que congela os gastos públicos por 20 anos, a terceirização irrestrita, a “reforma” da CLT) e que saiam de pauta as que ainda estão em tramitação (a “reforma” da previdência). Em defesa dos nossos empregos, devemos impor o pagamento imediato dos salários dos funcionários públicos dos municípios e estados onde estão sem receber, e barrar as demissões no setor privado; a suspensão da dívida pública, que só serve para dar dinheiro para banqueiros e especuladores, uma taxação progressiva dos lucros das grandes empresas e agronegócio, e a estatização, sob controle dos trabalhadores, dos bancos, das empresas que receberam isenções milionárias e de toda educação, saúde e transporte (serviços básicos). Assim será possível custear saúde, educação integral, moradia e transporte de qualidade, acessível a todos, e reduzir os impostos sobre o povo trabalhador.
É necessária uma frente de resistência contra as medidas do governo Temer e também dos governos estaduais e municipais, que agem em conjunto contra os trabalhadores. Uma frente unida de ações e o uso dos métodos da nossa classe. Também precisamos de um partido socialista revolucionário dos trabalhadores, que possa defender os nossos interesses. Pois só colocando os trabalhadores no poder, acabando com esse regime de opressão dos patrões e poderosos, é a que a situação vai mudar de verdade, em benefício da maioria.
Se você concorda com essas ideias, venha conversar e se organizar com o Reagrupamento Revolucionário!