Contra o retorno presencial das escolas! Por uma renda emergencial digna e proteção dos empregos e salários!

Com a criminosa flexibilização das medidas de distanciamento social, que muitos governos estão adotando por pressão dos grandes empresários, começa também a pressão para o retorno das atividades escolares presenciais. Afinal, os trabalhadores, que estão sendo enviados para o abate para gerar lucro para seus patrões precisam deixar seus filhos em algum lugar. A reabertura das escolas só vai levar a mais contágios e mais mortes. Uma pesquisa recente na Espanha mostrou que 20 alunos em uma sala de aula por dois dias levam a mais 800 contatos cruzados, o que significa que mais de 800 podem se contaminar. [1] Imagina no Brasil, onde as famílias tem um número maior de filhos e muitas vezes vivem em habitações pequenas e com outros parentes, como avôs e avós.

Mesmo uma cidade que por acaso tenha conseguido controlar a situação estará pondo tudo a perder ao realizar esse retorno às aulas, pois muitos professores, funcionários e alunos transitam entre cidades para trabalhar, e o contágio vai se espalhando através dos transportes públicos (que seguem lotados) e dos próprios locais de trabalho. A abertura que foi adotada por estados e prefeituras, pressionados pelo governo Bolsonaro e pelo empresariado local, é um crime! A abertura de shoppings, Igrejas, bares e restaurantes, etc. leva inevitavelmente a um número maior de mortes e doentes. Mas o fato de que isso tem sido feito não deve nos fazer aceitar esse cenário também na educação.

Ao contrário, não podemos aceitar que nossos irmãos e irmãs trabalhadoras de outras categorias sejam mandados para a morte dessa forma. Precisamos defender, a partir das nossas organizações sindicais e mobilizações, que todos os trabalhadores tenham assegurados seus salários integrais e seus empregos enquanto durar a pandemia, e que os que estiverem sem trabalho ou com renda baixa recebam uma renda emergencial digna, de ao menos um salário mínimo por pessoa. Os profissionais da educação devem travar uma luta para manter o isolamento e buscar ser a ponta de lança de um movimento de todos os trabalhadores para a realização de uma quarentena efetiva de um mês, com renda e emprego garantido, sem cobrança de aluguéis e contas, mantendo apenas os serviços estritamente essenciais.

O que fazer?

Nós, trabalhadores da educação, temos que organizar greves em defesa da vida onde houver tentativa de reabrir escolas e combater os governos e patrões contra qualquer plano de reabertura sem queda considerável do contágio no país, sem vacina ou medicação contra a COVID-19. Em alguns locais, os prefeitos e governadores já anunciam o retorno às aulas; enquanto em outros essa questão ainda está em aberto, sendo debatida. O melhor momento de declarar a greve pode ser quando o retorno às aulas for anunciado, mas esse movimento tem que ser preparado desde já, com protestos, denúncias e articulação de assembleias e plenárias da categoria.

A maioria dos sindicatos está cumprindo um papel de total apatia e adaptação ao que ditam os governos (que por sua vez se curvam aos desejos do grande empresariado). Nossa atuação deve ser exigir ações concretas e combativas imediatas, para deixar claro para governos, patrões e seus cúmplices que os trabalhadores da educação não vão aceitar morrer para satisfazer a narrativa de que tudo está “normal” enquanto temos mais de 1000 mortos por dia no país. Enquanto os sindicatos não entrarem na luta, os grupos combativos de trabalhadores da educação devem realizar atos simbólicos para delimitar claramente tal posição, convocar a categoria para a luta e cobrar a adesão dos sindicatos.

Além de cada categoria se organizar com urgência em defesa da vida, também é essencial organizarmos uma frente de lutas da educação, unificando setor público e privado e diferentes municípios e estados, pois o risco de reabertura e também a imposição de um “ensino à remoto” fajuto afeta a todos. É uma enganação virtual excludente e que abre brecha para redução da qualidade do ensino. Tais frentes devem assumir pautas no interesse geral de trabalhadores e estudantes, como a suspensão do ENEM até que haja condições efetivas de retorno às aulas.

Apenas com a unidade da classe trabalhadora e ações combativas é que faremos os patrões e governos recuarem de seus planos assassinos. Nossas vidas são mais importantes que os lucros dos patrões!

[1] Segundo artigo publicado no El País: https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-06-17/colocar-20-criancas-numa-sala-de-aula-implica-em-808-contatos-cruzados-em-dois-dias-alerta-universidade.html

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