Revista Reagrupamento Revolucionário N. 14

É com alegria que anunciamos a nossos leitores e leitoras o lançamento de mais uma edição da revista Reagrupamento Revolucionário. É possível ler online, através dos links do sumário abaixo, baixar a versão PDF, ou obter a versão impressa com nossos militantes. Boa leitura!

Reagrupamento Revolucionário n. 14
Download (PDF)

LEIA ONLINE:

> Editorial (leia abaixo, neste post)
Elementos para análise de conjuntura da América Latina
Reflexões sobre os atos bolsonaristas de 7 de setembro
> Panfletos usados nos atos “Fora Bolsonaro”: 19/junho e 3/julho
Revolução socialista: a solução para a questão da mudança climática
> Declaração sobre o massacre do povo palestino por Israel
> As manifestações em Cuba e os diversos riscos de uma restauração capitalista
> Carta de Princípios do Coletivo Educação Socialista

EDITORIAL

O número anterior da revista do Reagrupamento Revolucionário foi publicado em 2019. Durante esse período de pandemia, optamos por não produzir uma nova edição devido à redução das atividades presenciais. Não obstante, estivemos presentes em mobilizações ao longo desse período e também realizamos diversas atividades online.

Foi o caso das lutas da educação contra a reabertura insegura das escolas e por melhores condições de trabalho, nas quais atuamos através do Coletivo Educação Socialista. O Coletivo foi criado no começo deste ano, como forma de articular e organizar nossa atuação no setor de educação, junto a companheiro/as independentes que tenham acordo com a linha geral do grupo, expressa na Carta de Princípios que publicamos nesta edição. Para conhecer melhor o Coletivo, sugerimos seguir a página de Facebook e acompanhar a publicação dos Boletins Educação Socialista: https://tinyurl.com/FB-CES.

Também estivemos presentes nas manifestações “Fora Bolsonaro” deste ano, defendendo uma perspectiva que vai na contramão do que apresentam as principais organizações da esquerda hoje: de que devemos ter uma linha de independência de classe e combatividade baseada no principal método de luta dos trabalhadores, as greves, ao invés de apostarmos nossas fichas nas instituições da classe dominante, como a justiça, o parlamento e as eleições.

A maior parte da esquerda, incluindo aí os que se reivindicam socialistas, ao invés, tem apostado sobretudo em pressionar o STF a agir contra Bolsonaro, vibrou com a “CPI da Pandemia” e acredita que elegendo novamente Lula e o PT para a presidência conseguirá conter a extrema-direita e reverter a devastação dos direitos e condições de vida dos trabalhadores. Mesmo reconhecendo que o PT tem agido sistematicamente para sabotar as lutas contra Bolsonaro e contra a devastação das condições de vida dos trabalhadores, pois precisa mostrar à classe dominante que não representa uma ameaça à ordem, a esquerda socialista está quase toda já embarcada no apoio à reeleição de Lula em 2022, em um flagrante capitulação à “ala esquerda” do Partido da Ordem.

Nós, ao invés, denunciamos desde já que um novo governo do PT nada fará para acabar com o desemprego em massa e reverter as contrarreformas que tem destruído os direitos trabalhistas e os serviços públicos, pois a classe dominante, a quem o PT serve, segue incapaz de recuperar suas margens de lucro prévias à crise de 2008 e, assim, segue exigindo mais “austeridade”. Ao contrário, o PT, mesmo sob o governo Bolsonaro, tem atuado em vários momentos para dar sustento aos planos de “austeridade”, seja sabotando as mobilizações, ou diretamente, ao votar a favor de certas medidas – lembremos do apoio ao “orçamento secreto”, com o qual Bolsonaro mantém a aliança com o “centrão”, do apoio dos governadores petistas à destruição de previdência, do apoio à Rodrigo Maia na presidência da Câmara e a David Alcolumbre no Senado, das alianças eleitorais com bolsonaristas em vários municípios em 2020 etc. Um novo governo petista será, inevitavelmente, um governo de mais “austericídio”, combinado à retenção das lutas populares e proletárias e, por isso, não devemos dar nenhum apoio eleitoral a Lula e ao PT.

Argumentos de que Bolsonaro é “fascista” ou de que há um golpe militar sendo preparado não passam de fumaça propagandista para atrair votos ao PT, o mesmo que tem ajudado a sustentar Bolsonaro no poder e que já faz aliança com o golpistas de ontem. Se Bolsonaro fosse de fato chefe de um movimento fascista, colocar Lula na presidência não afetaria em nada a existência desse movimento, que precisa ser esmagado pela ação do proletariado, através de órgãos de autodefesa, greves e manifestações. Da mesma forma, se Bolsonaro tentar uma aventura golpista (o que nos parece uma possibilidade remota na atual correlação de forças), será apenas através da mobilização da classe trabalhadora que ela poderá ser derrotada. O regime atual é o mesmo que permitiu o golpe institucional contra Dilma (na verdade, se encontra ainda mais fechado e blindado do que em 2016), de forma que não é por dentro dele, ainda mais pela via eleitoral, que poderemos deter novas ameaças.

Publicamos aqui os panfletos que levamos para as manifestações “Fora Bolsonaro”, onde fizemos um contraponto a essas ilusões de que é possível reverter o cenário atual sem se confrontar diretamente contra o Estado dos patrões, banqueiros, latifundiários e agentes do imperialismo. Publicamos, também, uma breve avaliação das ameaças golpistas de Bolsonaro no mês de setembro. Em nosso site, estão disponíveis ainda textos anteriores, sobre as capitulações da esquerda socialista à ordem burguesa e à colaboração de classes durantes as eleições municipais (veja nossa declaração sobre a “Frente Ampla” de Boulos/PSOL em São Paulo: https://tinyurl.com/RR-BOULOS) e sobre a necessidade de uma linha de confronto de classes para proteger as vidas e empregos durante a pandemia, algo que se fez ausente na atuação de boa parte da esquerda que se diz socialista, mas que não levantou um programa que de fato colocasse as vidas acima dos lucros (https://tinyurl.com/RR-COVID)

Durante esse último período, fizemos ainda uma série de atividades de formação política e análise de conjuntura. Algumas delas, feitas na forma de lives, podem ser acessadas em nosso canal de YouTube: https://tinyurl.com/YT-RR.

Outras envolveram a publicação de materiais sobre temas-chave do momento, como a análise da conjuntura internacional da América Latina que publicamos aqui, debatendo o novo ciclo de governos de colaboração de classes (em condições econômicas muito menos favoráveis às suas políticas redistributivas) e o recrudescimento repressivo de alguns regimes da região. Também nesta edição há uma análise da situação atual em Cuba e dos riscos de uma contrarrevolução burguesa que pairam sobre a ilha, um texto sobre um dos maiores riscos à sobrevivência da humanidade no momento, que é a crise climática, para a qual não há saída nos marcos do capitalismo, e uma declaração sobre o mais recente massacre do povo palestino.

Em nosso site, outros materiais podem ser acessados, como a declaração em defesa do prisioneiro político Mumia Abu Jamal (https://tinyurl.com/RR-MUMIA) e também sobre a revolta da população negra dos EUA contra a violência policial (https://tinyurl.com/RR-EUA) e sobre a recente onda de revoltas populares na América Latina, com destaque para o Chile (https://tinyurl.com/RR-REVOLTAS). Elementos que desmentem a tese de que vivemos um momento de completo recuo e incapacidade de luta dos trabalhadores e, ao invés, reforça a tese de que as condições objetivas para a luta proletária pelo poder estão dadas, mas que a ausência de lideranças revolucionárias tem cobrado um grave preço para o rumo das mobilizações em curso.

Publicamos, ainda, um livreto sobre O que é e para aonde vai a China, tema central para os marxistas na atualidade, o qual pode ser acessado gratuitamente em: https://tinyurl.com/RR-CHINA. Para nós, a China é um Estado operário burocratizado, que ainda preserva muitos ganhos sociais da revolução de 1949, que é tarefa de todo socialista defender de forma intransigente contra qualquer tentativa de contrarrevolução. Ao mesmo tempo, acreditamos que o regime de ditadura da burocracia, encabeçado pelo PC chinês, só pode levar à contrarrevolução no longo prazo, ao afastar os trabalhadores do controle político e dar cada vez mais espaço ao retorno de uma poderosa burguesia nativa e à reintegração com o mercado mundial – o mesmo processo que culminou na destruição da URSS e do bloco soviético no Leste Europeu ao final do século passado –, de forma que é fundamental a remoção do poder dessa burocracia, através de uma revolução política do proletariado chinês, que estabeleça um regime de democracia proletária e aposte no internacionalismo revolucionário como forma de completar a transição ao socialismo.

Outro ponto de destaque nesse último período foi o estabelecimento de relações fraternas com o grupo Bolchevique-Leninista da Austrália, cujo manifesto programático, que ajudamos a construir, pode ser acessado aqui: https://tinyurl.com/RR-BL. Acreditamos que é fundamental a construção de laços internacionais rumo a reconstrução de uma organização internacional socialista revolucionária, e para nós as relações com o BL australiano são um grande salto nesse sentido. E também a publicação do nosso próprio Manifesto Programático, que é fruto de muito debate coletivo interno e do amadurecimento a partir de experiências práticas, sendo um esforço de síntese do que encaramos ser posições fundamentais para o socialismo revolucionário no século XXI: https://tinyurl.com/RR-MANIFESTO.

Que 2022 seja um ano de muitas lutas e vitórias para a classe trabalhadora ao redor do globo!

Socialismo ou barbárie!