Somente a revolução socialista pode salvar a humanidade da extinção causada pela ganância da burguesia!
Por Pedro Abreu, maio de 2024
Como vemos na atual tragédia no Rio Grande do Sul, as mudanças climáticas e suas consequências estão cada vez mais na ordem do dia para a classe trabalhadora. Portanto, é urgente que as organizações marxistas incorporem essa pauta em seus programas e estratégias, que devem responder à principal ideologia burguesa nesse tópico: a ideia de que seria possível um capitalismo verde.
O capitalismo verde, captura de carbono e colonização espacial: mentiras burguesas
O capitalismo verde, também conhecido como capitalismo sustentável ou ecocapitalismo, é uma abordagem econômica que tem em vista integrar princípios de sustentabilidade ambiental sem fugir da lógica principal do sistema capitalista: a busca incessante pela maximização do lucro. A ideia central é que a busca pelo lucro e pelo crescimento econômico (em um sistema finito e fechado como o Planeta Terra) pode coexistir com a proteção do meio ambiente, mediante práticas empresariais que minimizem o impacto ambiental e promovam a utilização eficiente dos recursos naturais. Este modelo defende que as empresas podem ser incentivadas a adotar tecnologias limpas, reduzir suas emissões de carbono e gerenciar recursos de maneira mais sustentável, ao mesmo tempo, em que permanecem lucrativas e competitivas no mercado. Ou seja: coisa de contos de fadas que apenas crianças de 5 anos, bilionários sem alma e cérebro e seus fãs lobotomizados pelo tempo passado no LinkedIn conseguem acreditar.
Para tentar justificar a insanidade que é pensar lucros sempre crescentes em planeta com recursos finitos, a burguesia tem buscado messias nos chamados tech-bros: homens-cis-brancos como Elon Musk e Jeff Bezos, vendidos como gênios pela mídia burguesa, apesar de serem completos imbecis imaturos que nunca trabalharam na vida, herdaram toda sua fortuna e ganham fama roubando o trabalho dos engenheiros e cientistas de suas empresas.
Esses lixos de seres humanos tentam convencer a classe trabalhadora de que a solução da crise climática passará única e exclusivamente pelo avanço da tecnologia em dois campos. O primeiro é a tecnologia de captura de carbono, um conceito bem simples: você cria uma máquina que tira os gases estufas do ar e armazena eles no solo. Isso permitira, na teoria, que você continuasse queimando combustível fóssil doidamente, sem se preocupar com transição energética, até que as forças de mercado (visto que carvão e petróleo são finitos) tornarão outras fontes de energia mais rentáveis. Essa ideia é burra por dois motivos, o primeiro dos quais é que você gasta muita energia para esse processo de captura de carbono, então se você não tem uma matriz energética limpa, está jogando mais carbono na atmosfera do que está capturando. O que é óbvio para qualquer um que teve física no Ensino Médio e sabe que não dá para burlar as leis da termodinâmica, para os tech-bros, gurus do capitalismo decadente, é uma panaceia que salvará a humanidade. O que mostra mais uma vez que se dependesse dessas crianças de meia-idade nenhuma empresa de engenharia faria nenhum produto funcional (quem faz isso são engenheiros, não os bilionários que só servem para sugar a mais-valia dos engenheiros).
O segundo furo na captura de carbono é que isso não resolve nenhum outro problema que está causando a crise climática. Por exemplo, o que fazer com a quantidade de plástico nos oceanos? Vão tentar capturar eles também? Com qual tecnologia mágica a burguesia tentará salvar a gente? E antes que alguém pense, não: não adianta apenas pensar em reciclagem por que isso não resolve a questão dos microplásticos. Precisamos pensar em outros materiais que são menos caros e dão menos lucro para os burgueses, mas que não vão provocar uma nova extinção em massa até o final do século.
A outra menina dos olhos da burguesia é a colonização espacial: colonizaremos Marte, minerar o Cinturão de Asteroides e migrar todas as indústrias sujas para outros corpos celestes em nosso sistema solar. Fácil, né? Tirando pelo fato de que nossa tecnologia atual não possibilitaria a gente fazer tão cedo e, se não fizermos alguma mudança profunda logo, as mudanças climáticas vão matar todos nós. Para salvar humanidade da extinção precisamos pensar em mudanças sistêmicas nos próximos 20-30 anos, e essa gente falando de colonização espacial (o que não será possível nos próximos 100 anos, se sobrevivemos às mudanças climáticas).
A grande verdade é que precisamos reduzir o uso de recursos naturais, alterar a matriz energética, e pautar a economia não pela busca do lucro, mas pela busca do bem-estar da maior parte da população, o que significa mudar radicalmente nossa forma de relação com o ecossistema. Mas tudo isso é impensável para a burguesia. Todas as soluções vendidas como disruptivas por eles nada mais são que tapa-buracos que não resolvem o problema: veja os carros elétricos, por exemplo, que eliminam a emissão de CO₂ pelos veículos, mas que aumentam a mineração de lítio, a qual é altamente poluente. Mas a burguesia não consegue pensar em um mundo sem carros, nos quais as cidades são projetadas, com o transporte sendo visto como um bem-público e não uma mercadoria. Essa falta de visão dos ricos e poderosos mantém a gente preso em um ciclo de poluição.
O que fazer?
Não existe solução mágica no capitalismo e o cenário é drástico: a crise climática provocará ondas de migração, aumento de epidemias e colocará pressão nas cadeias produtivas de alimentos. Tudo isso coloca pressão na sempre frágil democracia burguesa, com o risco do surgimento de novos movimentos fascistas, que vão tentar buscar em grupos marginalizados, como LGBTs e imigrantes, os bodes-expiatórios para culpar pelas crises econômicas que inevitavelmente acompanharão as mudanças climáticas.
Os comunistas precisam de um programa internacionalista e revolucionário para responder a essa crise climática, mas o lado bom é que não precisamos re-inventar a roda: podemos ter como base todo o trabalho de Lênin, Marx, Engels, Trotsky e tantos outros revolucionários. Não estou falando de ser dogmático e achar que os escritos de comunistas já mortos são textos sagrados, mas é preciso entender que ao estudarmos a teoria marxista e a história da luta de classes, conseguimos ver que as tarefas dos revolucionários não mudou muito. Precisamos reconstruir uma organização internacional de partidos socialistas revolucionários enraizados na classe trabalhadora. Precisamos nos conectar com as lutas dos setores oprimidos e com as diversas pautas locais do mundo, sem perder a perspectiva revolucionária internacional. Precisamos usar os sindicatos para organizar pautas coletivas. Precisamos construir autodefesas operárias e instrumentos de poder proletário. Nada disso é novo!
E o lado bom desse cenário terrível é: as mesmas pressões materiais, exacerbadas pela crise climática global, que aumentam o fascismo, também aumentam a consciência de classe e a solidariedade entre os explorados e oprimidos. Vemos isso, por exemplo, com o genocídio perpetuado pelo estado sionista contra o povo palestino: quanto mais a extrema-direita aumenta a retórica genocida para justificar os crimes cometidos pelo sionismo, mais vemos florescer ocupações e movimentos de resistência ao redor do globo. Mesmo nos EUA, o Centro do Império, estudantes e trabalhadores tem ocupado universidades em protesto contra o genocídio em curso. O mesmo se aplicará para a crise climática.
Não se trata de ser catastrofista e dizer que o fim do mundo é algo positivo, estou dizendo apenas que os mecanismos que aumentam a força da extrema-direita também alimentam a consciência da classe trabalhadora. Cabe aos comunistas participar e construir essas lutas. Não é tempo de desespero e nem de ouvir falsos messias. O capitalismo está morrendo, isso é um fato, mas a humanidade não precisa morrer com a burguesia.
– Solidariedade com os refugiados climáticos! Que os imigrantes recebam cidadania plena e auxílios para sua instalação e emprego!
– Que os governos taxem a burguesia para financiar auxílios a afetados por catástrofes climáticas (moradia, alimentação, bolsas etc)., como a no RS!
– Nacionalizar empresas petrolíferas como a Petrobrás e reverter os lucros para investimentos na mudança da matriz energética!
– Destruir o capitalismo para salvar a humanidade! Um novo mundo é possível: imagine o fim do capitalismo!