EDUCAÇÃO | A derrota da greve estadual e a necessidade de reconstruir o SEPE-RJ pela base

A DERROTA DA GREVE ESTADUAL E A NECESSIDADE DE RECONSTRUIRMOS O SEPE-RJ PELA BASE 

Todo apoio à campanha de solidariedade aos descontados! É urgente organizar uma plenária de base e de oposição à atual condução do sindicato! 

Boletim especial do Coletivo Educação Socialista, agosto de 2023. CLIQUE AQUI para acessar a versão em PDF.

Durante e após o recente Congresso do Sepe nós do COLETIVO EDUCAÇÃO SOCIALISTA já denunciávamos: a direção majoritária do Sepe, composta pelas Chapas 1 (MES e Primavera Socialista / ex-APS), 2 (PT) 3 (Resistência, Insurgência e PCB), não está a serviço das lutas da categoria. Querem usar o sindicato como trampolim para seus projetos políticos eleitorais; para dar apoio aos governos da falsa esquerda, principalmente o novo governo Lula; e querem reduzir a atuação do Sepe a um escritório de advocacia que se limita a protocolar ações na justiça dos patrões, fazer pedidos ao MP e negociar “a frio” com os governantes que nos atacam sem piedade.

Com a greve da rede estadual isso ficou ainda mais claro. Se dependesse dessa direção majoritária a greve nem teria acontecido. Evitaram ao máximo que a base conseguisse se expressar de forma democrática, ao ponto absurdo de terem tentado fazer uma “assembleia agitativa” onde não haveria falas nem propostas a serem votadas e decisões tomadas. Mas Cláudio Castro passou de todos os limites e enfureceu a categoria a tal ponto que a greve se tornou inevitável. As/os educadores da rede estadual mostraram enorme força e transformaram sua indignação em uma poderosa greve, que teve forte adesão em vários municípios, realizou massivos atos na capital e várias atividades descentralizadas de luta.

Mas e a direção, o que fez? Seguiu tentando sabotar a luta, como dando grandes intervalos entre assembleias e atos, enrolando até não poder mais na formação do Comando de Greve e focando sua energia, e também os recursos do sindicato, na organização de um Congresso que não se colocou a serviço de fortalecer a greve, mas apenas de aprovar o retorno do Sepe à CNTE. CNTE cuja direção, cabe ressaltar, nada fez para ajudar na greve e nada tem feito pela revogação do NEM e pelo respeito ao Piso Nacional do Magistério, pois é controlada pelo PT e não deseja afrontar o governo federal, mesmo este tendo entregue o MEC a verdadeiros talibãs neoliberais. Até mesmo o ato em solidariedade à greve que estava na programação do Congresso foi sabotado pela direção, para priorizar que seus convidados do PT e PSOL nas mesas principais pudessem palestrar sem inconvenientes. Para piorar, muito dinheiro foi gasto para bancar esse congresso, inclusive do fundo de greve, que agora essa direção se recusa a usar para garantir um auxílio decente às lutadoras e lutadores que viram seus contracheques zerados!

Como falamos em materiais anteriores, essa greve seria difícil. O governo estadual está no Regime de Recuperação Fiscal e segue mal das pernas financeiramente. A única forma de a greve ser vitoriosa seria se enfrentando com o RRF, portanto, colocando o governo Lula na roda, e também atacando as isenções bilionárias que o governo estadual tem feito às grandes empresas, às custas dos serviços públicos e do funcionalismo estadual. Para isso, a greve teria que ter ido além de atos de rua esporádicos para pressionar Castro e a SEEDUC a negociarem e também centrado fogo nos deputados da ALERJ, fazendo uma agitação forte para expor a cara de cada inimigo da educação e forçá-los a aprovar a inclusão do Piso no orçamento; teria que ter mirado no governo federal de Lula para que alterasse o RRF, que Castro estava usando como desculpa desde o início; e principalmente teria que ter construído articulações com outros movimentos sociais, para expor Castro abertamente diante de todos os trabalhadores pelo que ele é.

Não há receita para garantir a vitória de uma greve, mas temos que ter clareza que a direção do Sepe nem tentou. Salvo algumas exceções em certos núcleos, se a greve demonstrou força foi graças à atuação de setores da base e de coletivos de oposição. O coroamento da política de marasmo da direção majoritária foi ter assinado um acordo de encerramento da greve simplesmente criminoso, que não garantiu a reversão dos descontos, deixou a decisão final sobre reposição nas mãos da SEEDUC, se deixou enganar sobre a implementação do NEM (2 tempos para cada matéria OBRIGATÓRIA é o que já existe, pois apenas Português e Matemática restaram como obrigatórias nos três anos!). O pior de tudo foi que a greve foi encerrada numa negociação onde a direção nem sequer tocou na questão salarial e do plano de carreira, que foi o que levou milhares a se exporem a descontos e represálias ao se engajarem na greve! Ao invés de apostar na força da base, essa direção desde o início acreditou que a justiça dos patrões poderia atuar a favor da categoria. Se fosse assim, para que fazer a greve? Essa direção tem enorme responsabilidade no desfecho desastroso da greve, a qual ainda afirmou na plenária final que tinha conseguido “vitórias”!

Cabe destacar que, diante da fúria da base com essa derrota, a Chapa 3 tem tentado se diferenciar do restante da direção com notas criticando a condução da greve, mas as forças que a compõem são tão responsáveis pela derrota quanto aquelas que compõem as Chapas 1 e 2. Nos momentos decisivos, estavam todos atuando em bloco para evitar que a greve fosse deflagrada e, uma vez iniciada, não assumisse a radicalidade de que precisava!

Agora é momento de nos apoiarmos mutuamente. Todos que podem devem contribuir na construção do fundo que o Comitê de Mobilização de Base está fazendo para ajudar os descontados. Temos também que cobrar total transparência do uso dos recursos do Sepe, pois são NOSSOS recursos, e exigir o uso do fundo de greve para apoiar os descontados com um auxílio maior do que os R$300 que a direção defende, além de cobrarmos a responsabilidade daqueles que mexeram no fundo de greve para financiar um Congresso que em nada contribuiu para as lutas da categoria e agora alegam não haver dinheiro para socorrer quem se engajou na luta.

Também é uma necessidade urgente organizarmos uma plenária de base para fazermos um balanço profundo da situação do Sepe e da atuação da direção majoritária, preparando o terreno para a necessária reconstrução desde a base do nosso sindicato, que cada vez mais se transforma num aparato burocratizado e distante das lutas. Precisamos de democracia, combatividade e independência de classe para derrotar os inimigos da educação pública, inclusive aqueles da falsa esquerda, como os governos do PT, que a direção majoritária blinda a todo custo. Muitos estão decepcionados com o sindicato, com razão, por conta da atual direção, e falam de não mais se mobilizar nem fazer greve. Mas não podemos cair na apatia, não podemos deixar a derrota preparada pela direção prevalecer! Logo precisaremos nos organizar para a defesa dos nossos interesses, e isso passa por erguer a cabeça e persistir na luta, sem aceitar a atual direção vergonhosa do Sepe! Sigamos na luta!

 

LEIA AQUI O PANFLETO QUE USAMOS DURANTE A GREVE ESTADUAL: https://rr4i.noblogs.org/2023/05/17/greve-da-rede-estadual-do-rj/ 

LEIA AQUI NOSSO BALANÇO DO CONGRESSO DO SEPE: https://rr4i.noblogs.org/2023/06/05/balanco-do-ces-sobre-o-xvi-congresso-do-sepe-rj/ 

LEIA AQUI NOSSO BOLETIM ESPECIAL DISTRIBUÍDO DURANTE O CONGRESSO DO SEPE: https://rr4i.noblogs.org/2023/05/26/boletim-especial-do-ces-para-o-xvi-congresso-do-sepe/